segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Senhor das manhãs de maio - Luiz Marenco

Coom saudadee do meu galpão, venho aqui depois de quase 3 meses longe postar um regalo aos amigos que neste verão looco de quente, fazem festas e gauchadas comigo aqui em Balneário Gaivota - SC, e nada melhor pra homenagear essa turma, do que por aqui a música mais cantada nesse verão, porque cada vez que um loco pega um violão ou uma gaita, a primeira que se canta é:

'MEU GALPÃO, DE ALMA TRANQUILAAA.....'



E não tenha quem não cante!
deixo aqui SENHOR DAS MANHÃS DE MAIO com Luiz Marenco, desejandoo antes de tudo um Feliz Aniversário ao meu AMIGO Luan Zaccaro, gaúcho de marca maior, estudante de Medicina Veterinária e apaixonado pelo Rio Grande e pela tradição, uma pessoa que considero muito, mas muito mesmo, e que espero conviver por muito tempo ainda!
Deixo também vários beijos, abraços e borracheiras pra toda essa turma que eu tanto gosto, e que fazem meu verão ser sempre o melhor se todos! Obrigada por tudo!



Morro de saudade de estar aqui todo dia escrevendo!
Assim que tiver mais um tempinho, apareço por aqui de novo!
(créditos do vídeo ao sempre excelente canal do amigo César Cattani no Youtube: PRODUTO CULTURAL GAÚCHO)

Beeeeeeeeeeeeeeeijos!
Ju

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

voltandooo ...

Oi gente...
Bom .. faz tempão que não venho aqui postar, então vou contar o que ta acontecendo:
Eu trabalhava em m escritório, e tinha tempo de sobra pra postar, e semana passada (quarta-feira) começei a trabalhar em uma clínica, e la tem tempo de falta pra respirar! hehehe e além de mudar de emprego... estou mudando também de cidade! Moro em uma praia, e estou indo pra uma cidade à 30Km daqui!
Portanto essa semana eu fiz o seguinte: acordei as 5:30h, fui trabalhar, cheguei na casa da minha amiga, onde estou acampada até achar um AP pra mim, dias as 19:00h outros dias as 21:00h, conversei um pouco e fuii dormir!

Então.. peço mil desculpas por não estar atualizando o blog... assim que me organizar no meu apartamento tento postar à noite... sempre que puder!


Mil Besos, com muita saudade do meu Galpão!
Ju

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Histórias

Uma das coisas mais admiráveis na música regional do Rio Grande do Sul é o fato de, em muitas das composições, existir uma história a ser contada. Geralmente ocorre com os "romances". Em outra postagem, a Juh Feltrim já citou os romances do Mariano Luna e Rosa Flor, de Jairo Lambari Fernandes - essa não é apenas uma música, mas uma verdadeira saga de cinco canções que contam a história do casal desde quando se conheceram até o nascimento e crescimento dos filhos, e ainda há continuação a ser lançada.

O Romance de Baile do Pirisca Grecco é outro exemplo que dá pra ser citado. Uma historieta de uma noite, com inicio-meio-fim, ainda que o fim não seja lá muito feliz.



Mais além disso, das histórias que são contadas, o que chama a atenção são os fatos e personagens reais que são relatados nestas histórias. No novo CD do Fabiano Bacchieri, Saludo, há uma música chamada Não Era pra Ser. A letra narra um fato ocorrido com a filha de Bacchieri quando ela era bem pequena, por volta de um ano e é bem emocionante.

Geralmente quando a letra traz um ou mais nomes próprios de pessoas, cita um lugar específico, até pelo de cavalo singular, é porque esse é um fato 'assucedido' transofrmado em poesia e música pelos artistas. Vale a pena dar uma conferida na origem da letra quando isso ocorre, pra ficar sabendo mais sobre aquilo que se está ouvindo, a verdadeira procedência da cantiga.

Dá pra ficar um dia inteiro, até mais, citando músicas que conte histórias reais - até porque, a inspiração dos compositores vem de coisas que acontecem, da vivência de cada um, seja campeira ou linha livre.

Mas pra finalizar, vou deixar um exemplo que deixa bem claro o que eu tô tentando dizer há uns parágrafos: o Romance do Mascarado, de Rogério Villagran, com video e tudo porque o negócio aqui é flor e truco!




Saludo, indiada.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Chacarera

Um pouco da história das chacareras:

Pertence ao folclore vivo, pois ainda se dança ao natural nos ambientes populares de algumas províncias. A respeito disse La Nusta que é possível encontrar em Catamarca, Salta, Tucumán, Santiago Del Estero, sul de Jujuy, La Rioja, Cuyo e parte de Córdoba.
Enquanto as versões musicais antigas da a Chacarera, podemos mencionar, entre outras, as de Andrés Chazarreta (1911,1916,1920,etc), as de Manuel Gómez Carrillo (1920 e 1923), etc.


Características Gerais

Espécie folclórica da República Argentina, com exceção do litoral argentino, sua prática é conhecida por ser praticada em quase todo país. Pertence as danças de caráter vivo, de parceiros soltos e independentes. Sua origem é difícil de determinar, está emparelhada com as outras espécies como o Gato, o Escondido, o Marote, o Palito, o Ecuador e o Remedio, entre outras.


Modos Utilizados

As Chacareras são em sua maioria “bimodais”, utilizando a escala com terceiras paralelas. Também existe Chacareras exclusivamente em modo menor e em menor proporção.


Variações

- Chacarera double: originada de Santiago Del Estero, se diferencia da Chacarera porque ao se dançar há um giro depois da mudança e antes de dar a volta redonda, parte do rombo que se agrega ao começar. Ainda em alguns casos se emprega o avanço e retrocesso reto;
- Chacerera truca: agrega-se há um tempo médio ao final que lhe dá uma característica de sincronia difícil de acompanhar com instrumentos ao dançar.
- Chacarera larga: com alguns lances mais largos que a double, em especial o agregado de um contragiro.


Existem 4 tipos de Chacareras perfeitamente diferentes no território nacional:

- La Santigueña
- La Tucumana
- La Chaqueña
- La Cordobesa



Origens

Poucos testemunhos escritos nos documentam suas origens, mas se acredita que começou depois de 1850, nas províncias do norte, centro e oeste da Argentina.

Segundo a tradição oral, nasceu em Santiago Del Estero, além disso o eixo de sua existência está nas províncias chacareras, que melhor definem essa teoria.

A primeira versão musical é a de Andrés Chazarreta, em 1911.

Pertence a um grupo de danças malandras, de ritmo ágil e caráter muito alegre e festivo, gozo da aceitação do ambiente rural e também dos salões cultos do interior até finos do século passado, espalhando por todo país, exceto no litoral e na Patagônia. É uma das poucas vigentes, ao dizer que ainda se dança em Santiago Del Estero – onde se arranjou com firmeza – e em Tucumán, Salta, Jujuy, La Rioja, Catamarca e Córdoba.

Há poucos documentos que nos contam sua história, mencionam que é a mais antiga e se dançava em Tucumán em 1850. musicalmente consta de 4 frases nas quais se cantam as coplas e um interlúdio que é somente instrumental, intercalado depois da primeira e segunda copla e também serve de introdução. Este interlúdio é uma característica coreográfica, já que pode durar de 6 a 8 compassos, e varia da mesma forma a duração desta – ou acompanhamento musical que se utiliza genericamente de uma guitarra, violino, acordeom e pressuposto, o bombo, que se traja com seus típicos repiques. Na coreografia se introduz uma figura que é o avanço e o retrocesso, que consta de 4 compassos o igual que em quase todas as nossas danças consta como partes. A segunda se dança igual a primeira, mais invertendo como é característica, a posição inicial.

Indumentária feminina: sapatos de couro com salto médio. Vestido de zaraza em duas pesças: saia rodada e adornada com amplas rendas aplicadas. Bata abotoada na frente com rendas posto com sobresaia e outro na borda das mangas e au redor do pescoço. Penteado com uma ou duas traças soltas.

Indumentária masculina: botas adornadas com ou sem esporas. Bombacha e jaqueta típica, cortona de bordas retas e adornado de “alforcitas” o ninho de abelha chamadas “encarrujadas”. Camisa qualquer, branca o de cor, faixa, puxador com rastro, ou cinta larga com bolsos. Lenço de seda no pescoço com as pontas meio para as costas. Sombreiro de abas largas, nas cores cinza, marrom e preto. Faca na cintura. Pode-se dançar de dois pares “em quarto” ou compartilhadas, em cujo caso os bailarinos se localizam nos vértices do quadro imaginário, tendo cada cavaleiro ao frente a seu colega e à esquerda à dama contrária. As figuras que se compartilham são a volta inteira e meia volta.


Uma Chacarera que fez história

A história musical do folclore argentino se remonta as primeiras criações crioulas, muitas delas baseadas na literatura do Ciclo do ouro espanhol, e a fusão lenta e constante que sofreu com as influencias de natureza indígena.

Este folclore, puro e descontaminado, começou a registrar-se musicalmente, mas sem verso, no final do século XVIII e começo de XIX. Já em meados de 1800 começa um processo de “acriolamento” e de divulgação da musica e dança.

Nos últimos anos do século XIX e começo de XX, da mão de Mecenas do Folclore e Dr. Ernesto Padilla e recopiadores da valia de Andrés Chazarreta, ou Juan Alfonso Carrizo, o folclore resgata-se e divulga-se por todo centro e norte do país. Já na década de 1920 se começa a “projetar” as guitarras cuyanas por uma lado e a companhia de arte nativo de D. Chazarreta por outro fazem chegar o folclore a Buenos Aires: ali se registra o primeiro grande cambio na estética musical.

Um novo cambio se produz com o surgimento da poesia salteña da mão de Dávalos, Portal, Perdiguero, etc, e na dança que leva a cabo Santiago Ayala, o chúcaro.

Mas é uma Chacarera, criada em Tucumán, por poetas e músicos salteños: os irmãos Nuñez (Pepe e Geraldo) que introduz uma nova estética, estilizada e muitas vezes resistida...esta é a Chacarera de 55. A continuação transcreve uma nota na qual se reproduzem os ambientes e personagens que rodearam esta criação musical que impõem um antes e depois na música folclórica Argentina.

Fonte: www.grupoescolar.com


E como indicação da querida Gisiane Camargo
'De arrepiar a alma' com Juliana Spanevello:





Besos
Ju

20 de Setembro



Venho aqui dar os meus Parabéns a toodos os gaúchos!

Viva o nosso amado Rio Grande!!

Patrão velho, muito obrigado, por este céu azul,
por esta terra tão linda, pelo Rio Grande do Sul;
por ter me feito gaúcho, que veio deste lugar;
e a lua cheia surgindo, fazendo guascas sonhar.

Muito obrigado, pelas andanças do pago;
pela chinoca faceira e o gosto do mate amargo.

Patrão velho,
muito obrigado pelos fandangos de galpão;
pelos domingos de rodeio,
nos campos do meu rincão;
pela geada caindo tornando em branco o capim;
por esta chama rebelde
que queima dentro de mim.

Muito obrigado por estas almas andarilhas
que como o vento minuano vagueiam pelas coxilhas.


Obrigaaada Patrão vélho!!!!!!!!!!!

Beijos
Ju

sábado, 18 de setembro de 2010

Ariane Wink

Recebi hoje um e-mail com uma indicação de postagem do André Luiz, e trago aqui pra vocês!

Ariane Wink: Um novo talento nos palcos dos festivais nativistas!
A cantora interpretou o chamamé 'Sou Eu' (Letra e Música: Rodrigo Morales), que ganhou o prêmio de MELHOR MÚSICA REGIONAL, na 20ª Guyanuba da Canção Nativa, no dia 8 de agosto de 2010, em Sapucaia do Sul.


Beesos
Ju

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Vem aí em outubro, Tempo Escrito!

Em outubro chega o novo CD do Marcelo Oliveira "Tempo Escrito', e dizem que ta looco de bom!
Esperamos....



E deixo aqui um vídeo de uma das músicas do seu último CD:




Beeeeijos
Ju

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Vencedores do 3º Laçador do Canto Nativo - ninguém ataca Pirisca Grecco!


Bueno indiada, tô chegando despacito aqui neste GRANDE blog da querida Juh Feltrin pra dar uma colaborada, conforme ela me pediu. Por isso, antes de mais nada, quero dar um grande Gracias pra Ju e reafirmar a admiração que tenho pelo blog e pela iniciativa dela - eu mesmo já iniciei uns quantos blogs mas não tive GARRÃO pra mantê-los ativos. Talvez meu negócio seja na colaboração 'de vez em quando' mesmo.

Mas bueno, que não me chamaram aqui pra ficar de trovinha, então vou falar de uma côsa de fundamento. Ontem, em Porto Alegre, ocorreu a final do 3º Laçador do Canto Nativo, o festival nativista da Capital. As classificatórias ocorreram na segunda-feira (13) e terça-feira (14). O festival aconteceu na Casa do Gaúcho, um baita salão de show ajeitado que fica dentro do Parque Harmonia, que é onde acontece o Acampamento Farroupilha.

A grande campeã do festival foi a composição "Quem Eles São", letra de Carlos Omar Vilella Gomes e Pirisca Grecco. O intérprete foi o próprio Pirisca, que tá a toda pata ganhando festival tipo bicho: de julho pra cá, interpretou as composições vencedoras da Coxilha (Cruz Alta); Moenda (Sto. Antônio da Patrula) e Canto Farroupilha (Alegrete), além do Laçador.


Pirisca Grecco: quatro festivais em dois meses


A poesia de Quem Eles São é realmente muito bonita, fala basicamente sobre as amizades, mas complicado explicar, tem que escutar mesmo pra saber. Eu ouvi três vezes durante o festival e tô loco que saia o CD ou algum vídeo com a música pra poder ouvir mais vezes. Além de melhor música, a composição levou os prêmios de melhor melodia e melhor letra. Pra dar uma amostra do pano, aqui vai o refrãozito, que eu consegui decorar nomás:

"Vem
das ruas e canções da minha infância...Vem
dos sonhos e paixões dos tempos moços...Vem
de um mundo que soube aceitar os meus tropeços...
meu coração sabe quem eles são"

Outra canção a ser destacada é a finalista "Simplesmente Interiorano", letra de Juca Moraes e Piero Ereno interpretada por Flávio Hansen. Quem vive em Porto Alegre mas sente falta da vida no Interior com certeza se identificou com a música, que levou o prêmio na categoria "Melhor tema sobre Porto Alegre".

O show de encerramento do Laçador do Canto Nativo foi do gigante Luiz Marenco, que apesar do atraso empolgou a paysanada presente com repertório cheio de sucessos.

VENCEDORES:

-1.º lugar: Quem Eles São, de Carlos Omar Vilella Gomes e Pirisca Grecco, com Pirisca

-2.º lugar: Por Ti, com Maurício Barcellos, que também foi o intérprete

-3.º lugar: Vencendo a Morte no Passo, de Zeca Alves e Juliano Moreno, com Juliano Moreno e Ângelo Franco

-Melhor intérprete: Robledo Martins, em Referência, de José Carlos Batista de Deus, Eduardo Munhoz e João Bosco Ayalla

-Melhor instrumentista: Acordeonista Samuca

-Melhor arranjo instrumental: A Lembrança, de Fabricio Marques e Cícero Camargo, com Raineri Spohr

-Melhor arranjo vocal: A Palavra Terra, de Jaime Vaz Brasil, Adriano Sperandir e Cristian Sperandir, com Adriana Sperandir

-Música mais popular: Regalo, de Mateus Lampert e Matheus Ribeiro, com Matheus Ribeiro

-Melhor letra: Quem Eles São, de Carlos Omar Vilella Gomes e Pirisca Grecco, com Pirisca

-Melhor melodia: Pirisca Grecco, por Quem Eles São

-Melhor tema sobre Porto Alegre: Simplesmente Interiorano, de Juca Moraes e Piero Ereno, com Flávio Hansen

Novidadeeeee....

Ebaaaaaaaaaaa!
Novidade no Blog, o looco véio do Gabriel Marquez meu amigo de net, passa a ser colaborador do blog!
Gabiiii, te agradeço de coração viu!
e bem vindooooooo!
Agora vamos esperar a estréia dele né =D



Beijosss
Ju

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Netto e o Domador de Cavalos

SINOPSE

"Netto e o Domador de Cavalos" reconta, sob um novo prisma, a mais popular lenda rio-grandense - "O Negrinho do Pastoreio". 
No início da Guerra dos Farrapos, o general Antonio de Souza Netto descobre que um antigo parceiro, Índio Torres, está preso. Para libertá-lo, envolve-se com escravos rebelados. Entre eles, o Negrinho, o melhor ginete da fronteira. A luta pela república, pela libertação dos escravos contra a tirania e a opressão, amor, humor e um amplo painel do século 19 estão neste terceiro longa-metragem de Tabajara Ruas. O filme é uma sequência de "Netto Perde sua Alma"

Elenco
Werner Schünemann, Tarcísio Filho, Fernanda Carvalho Leite, Evandro Elias, Miguel Ramos (1), Nélson Diniz, Nico Nicolaiewsky, Marcos Barreto, Zé Adão Barbosa, Ian Ramil, Aurelino Costa, Júlio Conte, Lu Adams, Denizeli Cardoso, Mislaine Oliveira
 
 
Fonte: Pithan Pilchas
 
 
Já to loouca pra ver o filme, adoro o Werner Schünemann! =D
beijoos
Ju

Pra quem tem a alma nos bastos

Venho trazer uma linda poesia que foi em parte declamada por Liliana Cardoso, na abertura do DVD 'O Campo de Cesar de Oliveira e Rogério Melo.





PRA QUEM TEM A ALMA NOS "BASTO"
Loresoni da Rosa Barbosa

De tanto gastar sovéus
perderam a conta dos calos,
sempre ajeitando cavalos
pra serventia dos "basto",
trazem auroras de arrasto
junto as esporas crinudas,
ponchos de "alla" nas cinturas
e os chapelões bem tapeados
sombreando sonhos alçados
- zombando tempo e lonjuras.

São os habitantes do arreio!
São os senhores do estrivo!
Não são os mesmos da tribo
que enfeitam cartões postais,
esses encilham baguais
com pradarias no olhar,
sabem de golpes no ar
e de tirões campo a fora,
quando um "pavena" se atora
cambiando o céu de lugar.

Assim é a sina dos quebras
que ensebam as "de garrão"
quando a lua num tirão
vem arrastar madrugadas,
ai mistério nas mateadas
e no olhar dos melenudos
que acreditão nos jujos
e num bocal bem sovado.
- tropilha xucra é um pecado
pra quem tem alma nas puas.

Pois mal o sol cruza nas frinchas
listrando o negror dos ranchos
e as nazarenas dos ganchos
lhe saltam nas garroneiras
duas estrelas boieiras
com ganas de pêlo mouro
que brilham no céu dos couros
quando um potro corcoveia.

É lindo ver num palanque
um ventena cosquilhoso
desses que arrancam o toso
lambendo o chão da mangueira,
pra quem tem alma campeira
este convite é um "regalo",
e esses não deixam cavalos
com ânsias de estrada e poeira.

Nem o rigor dos invernos
muda a feição desses tauras
tão pouco o lombo dos maulas
lhes tiram tino e razão,
pois quando o braço fraqueja
lhes sobra n'alma destreza
e anseios de um redomão.

Já no final da jornada,
quando o chiar das cambonas
empecam cantigas velhas
para anunciar a mateada,
um taura, afina a guitarra
e ensaia um verso a preceito,
quer ver se peala de jeito
os chucros olhos da amada.
Outro, co'a idéia distante
- lá pela banda oriental -
ajeita basto e bocal
mordendo um "toco" apagado.
- Ginete ninguém segura -
tá "lejo" a semana santa
mas já está de mala pronta
rumo as "Criollas del Prado".

Assim vão cruzando a vida
tropeando o próprio destino,
golpeando algum sonho antigo
que se perdeu pelos pagos
ou na ilusão dos teatinos.

Levam auroras de arrasto
junto as esporas crinudas,
ponchos de "allá" nas cinturas
e as almas presas nos tentos
com o Rio Grande a cabresto,
pra fazer pátria e fronteira
além das vãs cordilheiras
nos prados do firmamento.



Beijoss
Ju

Ximangos e Maragatos


Chimango

Ximango
Por ocasião do Segundo Reinado, no Brasil, os partidários gaúchos do Partido Liberal receberam a alcunha pejorativa de "Ximangos", em alusão à ave de rapina, e faziam oposição ao Partido Conservador. A partir de 1842 os liberais dividiram-se entre ximangos e luzias.

Após a Proclamação da República, e por ocasião da Revolução Federalista, os federalistas apelidaram os governistas de ximangos.

Identificavam-se por lenço branco envolvendo o pescoço;

Provinham da corrente fortemente positivista, que dominava o Partido Republicano Rio-Grandense, o PRR , desde Júlio de Castilhos.

Na Revolução de 1923, no Rio Grande do Sul, os ximangos eram os adeptos de Borges de Medeiros, que tentava a reeleição ao governo do estado, com o apoio do governo central, enquanto os maragatos apoiavam Assis Brasil. Borges de Medeiros foi chamado satiricamente de Antônio Chimango, em obra literária atribuída a Ramiro Barcelos publicada sob a pseudo-autoria de Amaro Juvenal



Maragato

Maragato foi o nome dado aos sulistas que iniciaram a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul em 1893, em protesto a política exercida pelo governo federal representada na província por Julio de Castilhos. Os maragatos eram identificados pelo uso de um lenço vermelho no pescoço.

O termo tinha uma conotação pejorativa atribuída pelos legalistas aos revoltosos liderados por Gaspar da Silveira Martins, eminente tribuno, e o caudilho estrategista Gumercindo Saraiva, que deixaram o exílio, no Uruguai, e entraram no Rio Grande do Sul à frente de um exército.

Como o exílio havia ocorrido em região do Uruguai colonizada por pessoas originárias da Maragateria (na Espanha), os republicanos, então chamados Pica-paus, os apelidaram de Maragatos, buscando caracterizar uma identidade "estrangeira" aos federalistas.

Com o tempo, o termo perdeu a conotação pejorativa e assumiu significado positivo, aceito e defendido pelos federalistas e seus sucessores políticos.

Na Revolução de 1923 desencadeada contra a permanência de Borges de Medeiros no governo do estado, novamente a corrente maragata rebelou-se, liderada pelo diplomata e pecuarista Assis Brasil. 

O lenço vermelho identificava o Maragato. O lenço branco identificava o Pica-Pau e o Chimango.

O movimento originou, no Rio Grande do Sul, o Partido Libertador, de grande influência regional.




Beijos
Ju

Colégio barra estudantes pilchados em Caxias do Sul

Matéria retirada so site de O Pioneiro, para ler no site clique aqui




Colégio barra estudantes pilchados em Caxias do Sul
Alunos do São José afirmam terem sido proibidos de assistir a aulas usando trajes típicos
Adriano Duarte | adriano.duarte@pioneiro.com

Na contramão dos festejos da Semana Farroupilha, o Colégio São José, em Caxias do Sul, teria proibido alunos de frequentarem as aulas usando pilchas. Pelo menos isso é o que alegam três estudantes do ensino médio.

Eles afirmam terem sido barrados e obrigados a voltar para casa para substituir a indumentária gaúcha pelos uniformes escolares. Caso contrário, não poderiam ficar no colégio, que é privado. Na rede pública, o uso de pilchas é permitido e incentivado neste período de comemorações. Procurada pelo Pioneiro, a direção do São José não se manifestou sobre o caso.

A polêmica começou na segunda-feira com o estudante do 3º ano Diego Roncarelli de Salles, 17 anos. Aluno do turno da manhã e assíduo frequentador de rodeios e CTGs, Diego saiu de casa usando bombacha, bota, lenço, camisa e chapéu. No pátio, foi cercado por vários colegas que acharam bonito o apreço do rapaz pelas tradições. A movimentação chamou a atenção de um monitor da escola.

O estudante diz ter sido levado para conversar com uma das coordenadoras da manhã, conhecida como Leda. A funcionária permitiu que o estudante assistisse à aula na segunda-feira, mas com a promessa de que ele não usasse mais a pilcha. Segundo Diego, cinco minutos depois de ter entrado na sala, o estudante foi orientado por Leda a deixar a escola. Sem ter como voltar para casa, no bairro Cinquentenário, o rapaz foi para a moradia da avó no Centro.

Na terça-feira a situação voltou a se repetir com um casal de namorados. Camila Pretto e Bruno Novello, ambos com 16 anos, teriam sido impedidos de entrar na sala. Eles receberam as mesmas orientações que haviam sido repassadas a Diego.

Pois bem, eu nem sei como demonstrar minha indignação!
Moro no sul de SC, onde ainda temos muita influencia da cultura gaúcha (graças a Deus), mas não temos o hábito de usar pilchas na escola, pois nem temos uma semana farroupilha decente!
Mas te digo que eu, se morasse no RS, e se me fosse permitido, teria o orgulho de pelo menos nessa semana, que estão todos com essa alma farroupilha mais aflorada, ir para a aula pilchada, demonstrando todo amor e respeito que tenho a nossa tradição!
É uma vergonha uma escola, que tem o intuito de levar conhecimento, educação e cultura aos alunos, não permitir que os alunos assistam as aulas pilchados!

LEI Nº 8.813, DE 10 DE JANEIRO DE 1989

Oficializa como traje de honra e de uso preferencial no Rio Grande do Sul, para ambos os sexos, a indumentária denominada "PILCHA GAÚCHA".
DEPUTADO ALGIR LORENZON, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.

Faço saber, em cumprimento ao disposto no § 5º do artigo 37 da Constituição do Estado, que a Assembléia Legislativa decretou e eu promulgo a seguinte Lei:
Art. 1º - É oficializado como traje de honra e de uso preferencial no Rio Grande do Sul, para ambos os sexos, a indumentária denominada "PILCHA GAÚCHA".
Parágrafo único - Será considerada "Pilcha Gaúcha" somente aquela que, com autenticidade, reproduza com elegância, a sobriedade da nossa indumentária histórica, conforme os ditames e as diretrizes traçadas pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho.
Art. 2º - A "Pilcha Gaúcha" poderá substituir o traje convencional em todos os atos oficiais, públicos ou privados, realizados no Rio Grande do Sul.
Art. 3º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO, em Porto Alegre, 10 de janeiro de 1989.

Comente e divulgue!

Beijos
Ju!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

20 de Setembro e a Semana Farroupilha



Este mês tem uma grande importância para o Rio Grande do Sul: 20 de setembro é a data máxima do nosso povo, quando é reverenciada a Revolução Farroupilha. É o marco da história e da formação política da sociedade rio-grandense e foi transformada em feriado, por decisão da Assembléia Legislativa, a partir de Lei aprovada no Congresso Nacional, em 1996.

REVOLUÇÃO FARROUPILHA

Causas:
O Rio Grande do Sul foi palco das disputas entre portugueses e espanhóis desde o século XVII. Na idéia dos líderes locais, o fim dos conflitos deveria inspirar o governo central a incentivar o crescimento econômico do sul, como pagamento às gerações de famílias que se voltaram para a defesa do país desde há muito tempo. Mas não foi isso que ocorreu.
A partir de 1821 o governo central passou a impor a cobrança de taxas pesadas sobre os produtos rio-grandenses, como charque, erva-mate, couros, sebo, graxa, etc.
No início da década de 30, o governo aliou a cobrança de uma taxa extorsiva sobre o charque gaúcho a incentivos para a importação do importado do Prata.
Ao mesmo tempo aumentou a taxa de importação do sal, insumo básico para a fabricação do produto. Além do mais, se as tropas que lutavam nas guerras eram gaúchas, seus comandantes vinham do centro do país. Tudo isso causou grande revolta na elite rio-grandense.
  
A revolta:

Bento Gonçalves

Em 20 de setembro de 1835, os rebeldes tomam Porto Alegre, obrigando o presidente da província, Fernandes Braga, a fugir para Rio Grande. Bento Gonçalves, que planejou o ataque, empossou no cargo o vice, Marciano Ribeiro. O governo imperial nomeou José de Araújo Ribeiro para o lugar de Fernandes Braga, mas este nome não agradou os farroupilhas (o principal objetivo da revolta era a nomeação de um presidente que defendesse os interesses rio-grandenses), e estes decidiram prorrogar o mandato de Marciano Ribeiro até 9 de dezembro. Araújo Ribeiro, então, decidiu partir para Rio Grande e tomou posse no Conselho Municipal da cidade portuária. Bento Manoel, um dos líderes do 20 de setembro, decidiu apoiá-lo e rompeu com os farroupilhas.

Bento Manoel

Bento Gonçalves então decidiu conciliar. Convidou Araújo Ribeiro a tomar posse em Porto Alegre, mas este recusou. Com a ajuda de Bento Manoel, Araújo conseguiu a adesão de outros líderes militares, como Osório. Em 3 de março de 36, o governo ordena a transferência das repartições para Rio Grande: é o sinal da ruptura. Em represália, os farroupilhas prendem em Pelotas o conceituado major Manuel Marques de Souza, levando-o para Porto Alegre e confinando-o no navio-prisão Presiganga, ancorado no Guaíba.
Os imperiais passaram a planejar a retomada de Porto Alegre, o que ocorreu em 15 de julho. O tenente Henrique Mosye, preso no 8o. BC, em Porto Alegre, subornou a guarda e libertou 30 soldados. Este grupo tomou importantes pontos da cidade e libertou Marques de Souza e outros oficiais presos no Presiganga. Marciano Ribeiro foi preso e em seu lugar foi posto o marechal João de Deus Menna Barreto. Bento Gonçalves tentou reconquistar a cidade duas semanas depois, mas foi batido. Entre 1836 e 1840 Porto Alegre sofreu 1.283 dias de sítio, mas nunca mais os farrapos conseguiriam tomá-la.
Em 9 de setembro de 1836 os farrapos, comandados pelo General Netto, impuseram uma violenta derrota ao coronel João da Silva Tavares no Arroio Seival, próximo a Bagé. Empolgados pela grande vitória, os chefes farrapos no local decidiram, em virtude do impasse político em que o conflito havia chegado, pela proclamação da República Rio-Grandense. O movimento deixava de ter um caráter corretivo e passava ao nível separatista.
  
A República:
Bento Gonçalves, então em cerco a Porto Alegre, recebe a notícia da proclamação da República e da indicação de seu nome como candidato único a presidente. Decide então contornar a capital da província para se juntar aos vitoriosos comandados de Netto. Quando vai atravessar o rio Jacuí na altura da ilha de Fanfa, tem seus mais de mil homens emboscados por Bento Manoel e pela esquadra do inglês John Grenfell. Bento Gonçalves, Onofre Pires, Pedro Boticário, Corte Real e Lívio Zambeccari, os principais chefes no local, são presos, e a tropa é desbaratada. O governo imperial, após esta vitória, oferece anistia aos rebeldes para acabar de vez com o conflito. Netto, contudo, concentrou tropas ao recorde Piratini, a capital da República, e decidiu continuar a luta.
Bento Gonçalves foi escolhido presidente da República, mas enquanto não retornasse, Gomes Jardim assumiu o governo, organizando a estrutura dos ministérios. Foram criados seis: Fazenda, Justiça, Exterior, Interior, Marinha e Guerra. Cada ministro cuidava de dois ministérios por medida de economia.
Em fins de 1836, sem seu líder e com o governo central fazendo propostas de anistia, a revolução estava perdendo a força, mas no início de 1837 o Regente Feijó nomeou o brigadeiro Antero de Brito para presidente da província. Este, acumulando o cargo de Comandante Militar, passou a perseguir os simpatizantes do movimento em Porto Alegre e tratar os farrapos com dureza. Mas estes atos devolveram o ânimo aos rebeldes, que conseguiram a partir daí uma série de vitórias. A cavalaria imperial desertou em janeiro de 1837 em Rio Pardo, e Lages, em Santa Catarina, foi tomada logo após. Em março, Antero de Brito mandou prender Bento Manoel, por achá-lo pouco rígido com a República. Mas Bento Manoel resolveu prendê-lo e passar novamente para o lado farroupilha. Um mês após, Netto, com mais de mil homens, tomou o arsenal imperial de Caçapava, capturando armas de todos os tipos e ganhando a adesão de muitos soldados da guarnição local. E em 30 de abril, Rio Pardo, então a mais populosa cidade da província, foi tomada.
Em outubro, chegou a notícia de que Bento Gonçalves havia fugido do Forte do Mar, em Salvador, vindo a assumir a presidência em 16 de dezembro. Era o auge da República. A diminuição dos combates, a estruturação dos serviços básicos - correios, política externa, fisco - davam a impressão de que o Estado Rio-Grandense estava em vias de consolidação.
Mas 1838 não foi o ano da vitória como esperavam os farrapos. Apesar de mais uma vitória em Rio Pardo, o fracasso na tentativa de tomar Rio Grande e a falta de condições de conquistar Porto Alegre abatem as esperanças dos republicanos. A maioria das vitórias farrapas neste ano foram em combates de guerrilha e escaramuças sem importância estratégica. Com Piratini ameaçada, a Capital é transferida para Caçapava em janeiro de 1839.
Giuseppe Garibaldi
Garibaldi:
Em 24 de janeiro de 1837, Guiseppe Garibaldi saiu da prisão onde fora visitar Bento Gonçalves carregando uma carta de corso que lhe dava o direito de apresar navios em nome da República Rio-Grandense, destinando metade do valor da carga para o governo da República. Ainda no Rio, ele toma o navio "Luiza", rebatizando-o de "Farroupilha". É o primeiro barco da armada Rio-Grandense. Depois de muitas aventuras (prisão no Uruguai, tortura em Buenos Aires), Garibaldi apresenta-se em Piratini em fins de 1837. Ao chegar à capital farroupilha, ele recebe uma missão: construir barcos e fazer corso contra navios do império. Dois meses depois, ele apresenta dois lanchões: o "Rio Pardo" e o "Independência". Mas havia um grande problema: a ausência de portos. Com Rio Grande e São José do Norte ocupadas pelo inimigo, e Montevidéu pressionada pelo governo imperial, os farrapos planejam a tomada de Laguna, em Santa Catarina. A idéia era um ataque simultâneo por mar e por terra. Mas como sair da Lagoa dos Patos? John Grenfell atacou o estaleiro farrapo, mas Garibaldi escapou com os Lanchões "Farroupilha" e "Seival" pelo rio Capivari, a nordeste da Lagoa. Daí resultou o mais fantástico acontecimento da guerra, e talvez um dos lances de combate mais geniais da história.

Davi Canabarro
Foram postas gigantescas rodas nos barcos, e eles foram transportados por terra, levados por juntas de bois, até Tramandaí, a aproximadamente 80km do ponto de partida. O transporte foi feito através de campos enlameados pelas chuvas de inverno.
O ataque é feito de surpresa, com Davi Canabarro por terra e Garibaldi a bordo do "Seival" (o Farroupilha naufragou em Araranguá-SC) e resulta na conquista da cidade e na apreensão de 14 navios mercantes, que são somados ao "Seival", e armas, canhões e fardamentos. Em 29 de julho de 1839 é proclamada a República Juliana, instalada em um casarão da cidade. Mas o sonho durou apenas quatro meses. Com a vitória de Laguna, os farrapos resolveram tentar a conquista de Desterro, na ilha de Santa Catarina. Mas são surpreendidos em plena concentração e batem em retirada, com pesadas perdas materiais. Os navios de corso, contudo, vão mais longe. O "Seival", o "Caçapava" e o novo "Rio Pardo" vão até Santos, no litoral paulista. Encontrando forças superiores, voltam para Imbituba-SC.

Em 15 de novembro de 1839, um ataque pesado a Laguna, com marinha, infantaria e cavalaria resulta na destruição completa da esquadra farroupilha e na retomada da cidade. Todos os chefes da marinha rio-grandense são mortos, com exceção de Garibaldi. Davi Canabarro recua até Torres, enquanto outra parte das forças terrestres vai para Lages, onde resistem até o começo de 1840.
  
Declínio:
Em 1840 começou a decadência da revolução. Enquanto a maioria das forças rio-grandenses se concentrava no sítio a Porto Alegre, a capital, Caçapava, era atacada de surpresa. Os líderes farrapos consideravam Caçapava quase inexpugnável, em virtude do difícil acesso à cidade. A partir daí, os arquivos da República foram colocados em carretas de bois pelas estradas. Foi o tempo da "República andarilha", até que Alegrete foi escolhida como nova capital. Em Taquari, farroupilhas e imperiais travaram a maior batalha da guerra, com mais de dez mil homens envolvidos. Mas não teve resultados decisivos. São Gabriel foi perdida em junho, e alguns dias depois o General Netto só escapa do imperial Chico Pedro graças à sua destreza como cavaleiro. Em julho, novo fracasso farroupilha, desta vez em São José do Norte. Bento Gonçalves começa a pensar na pacificação. Em novembro é a vez de Viamão cair, morrendo no combate o italiano Luigi Rossetti, o criador do jornal "O Povo" órgão de imprensa oficial da república. Para piorar a situação, em janeiro de 1841, Bento Manoel discordou de algumas promoções de oficiais e abandonou definitivamente os farrapos.

Caxias:
A partir de novembro 1842 o conflito é dominado pela estrela de Luís Alves de Lima e Silva, o Barão (depois Duque) de Caxias. Nomeado presidente da província como a esperança do Imperador para a paz, Caxias usou do mesmo estilo dos farrapos para ganhar o apoio da população. Nomeou como comandantes militares Bento Manoel e Chico Pedro, dois oficiais do mesmo estilo, priorizou a cavalaria, e espalhou intrigas entre os farrapos sempre que pôde. Tratou bem a população dos povoados ocupados e empurrou os farroupilhas para o Uruguai. Estes ainda fizeram outra grande tentativa, atacando São Gabriel em 10 de abril de 1843 e, em 26 do mesmo mês, destroçaram Bento Manoel em Ponche Verde. Mas esta foi a última vitória dos farrapos.
Em dezembro de 42 reuniu-se em Alegrete a Assembléia Constituinte, sob forte discussão política. era forte a oposição a Bento Gonçalves. Durante 1843 e 1844, sucederam-se brigas entre os farrapos. Numa destas o líder oposicionista Antônio Paulo da Fontoura foi assassinado. Onofre Pires acusou Bento Gonçalves de ser o mandante. Este respondeu com o desafio a um duelo. Neste duelo (28 de fevereiro de 1844) Onofre é ferido, e veio a falecer dias depois.
Paz:
Ainda em 1844 Bento Gonçalves iniciou conversações de paz, mas retirou-se por discordar de Caxias em pontos fundamentais, assumindo o seu lugar Davi Canabarro. Os farrapos queriam assinar um Tratado de Paz, mas os imperiais rejeitavam, porque tratados se assinam entre países, e o Império não considerava a República um Estado. Caxias contornou a situação, agradando os interesses dos farroupilhas sem criar constrangimentos para o Império.
Mas no final das contas os farrapos já não tinham outra saída senão aceitas as condições de Caxias.
A pacificação foi assinada em 1o. de Março de 1845 em Ponche Verde, e tinha como principais pontos:

  • O Império assumia as dívidas do governo da República;

  • Os farroupilhas escolheriam o novo presidente da província - Caxias;

  • Os oficiais rio-grandenses seriam incorporados ao exército imperial nos mesmos postos, exceto os generais; 

  • Todos os processos da justiça republicana continuavam válidos;

  • Todos os ex-escravos que lutaram no exército rio-grandense seriam declarados livres (mas muitos deles foram reescravizados depois);  

  • Todos os prisioneiros de guerra seriam devolvidos à província.  

  • Além do mais, o charque importado foi sobretaxado em 25%.
Terminou assim a Guerra dos Farrapos, que apesar da vitória militar do Império do Brasil contra a República Rio-Grandense, significou a consolidação do Rio Grande como força política dentro do país.


Quem quizer se aprofundar na história aqui é um ótimo endereço: Guerra dos Farrapos



Hino do Rio Grande do Sul
Interpretação: Luiz Marenco




Hino do Rio Grande do Sul
Composição: Francisco Pinto da Fontoura / Joaquim José de Mendanha

Como a aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o 20 de Setembro
O precursor da liberdade

Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo

Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra


E viva o Rio Grande do Sul!


Beeeeijos
Ju


BRANCO OU COLORADO - Jayme Caetano Braun



O Rio Grande que eu amo está guardado dentro do peito!

 

BRANCO OU COLORADO!
Jayme Caetano Braun

Tamanho da fonte
São dois emblemas, dois guascas,
Um Branco, outro Colorado
Relíquias que no passado
Voejaram com altivez,
Levando, mais de uma vez
Da campanha ao litoral
A gauchada bagual,
Que de lança e boleadeira
Incendiou serra e fronteira
Atropelando um ideal!

Estandartes do Rio Grande
Eternamente rivais,
Que o sangue de nossos pais
Tornou mil vezes sagrados
Na peleia entreverados
Com denodo e galhardia,
Fortalecendo esta cria
Que foi padrão de coragem
Abarbarada e selvagem,
Mas cheia de fidalguia!

Um tem a cor dos braseados
Dos fogões de acampamento
E quando tremula no vento,
Nas coxilhas desfraldado,
É o sangue bem colorado
Da raça em efervescência,
Levando na sua essência
Aquele pendão eterno
Que foi tronqueira de cerno
Na formação da querência!

Outro é branco como a geada
Das alvoradas pampeanas,
E nas dobras soberanas
Revela, quando esvoaça,
Toda a nobreza da raça
Que no voejar se retrata,
Parecendo que relata
Coragem e desassombro
Quando no trono dum ombro
Estendido se desata!

Velho Lenço Colorado
Tu carregas no teu pano
Todo o valor haragano
Dos cavaleiros charruas
E acordas quando flutuas
Por essas várzeas assim,
O eco de algum clarim,
Que ressurgindo da campa
Anda volteando no pampa
O guasca que está no fim!

E tu, velho Lenço Branco
Como a alma das chinocas
Tu, que meu sangue provocas
Quando te vejo esvoaçar,
Comigo hei de te levar
Sempre alegre e satisfeito
Atado do mesmo jeito,
Seja na paz ou na guerra
Como emblema desta terra
Batendo sobre o meu peito!

É tradição de gaúcho
Ter amor nestes dois trapos
E ver na trança dos fiapos
Um sentimento tão santo.
Por isso te adoro tanto
Meu Lenço Branco ou de cor
E até Deus Nosso Senhor
Que usou bota, espora e mango
Lês garanto que é chimango
Se maragato não for!




Beijos
Ju

SANGUE FARRAPO - Jayme Caetano Braun


Já que estamos na Semana Farroupilha, nada mais apropriado do que uma poesia do Jayme que fala da peleia do nosso povo!

SANGUE FARRAPO
Jayme Caetano Braun

Fui sempre assim - no campo aberto,
muitos anos,
guardando as linhas
da fronteira - que empurrava,
os índios - tigres - as peleias,
castelhanos,
primeiro sempre,
quando a pátria me chamava!

Mas o descaso do império
cresceu tanto
que alcei um grito,
de querência e geografia,
compondo um hino de legenda
com meu canto,
que fez tremer - de cima a baixo,
a tirania!

Choraram mães, pelearam pais,
irmãos e filhos,
porque - aos tiranos,
pouco importa a dor alheia
e andei dez anos,
no calvário da peleia,
na guerra santa,
dos monarcas dos lombilhos!

Até o negrinho das formigas
compreendia,
no pastoreio,
meus anseios de índio guapo,
em cada nota do meu canto
que dizia
que eu era pátria - era Rio Grande,
era farrapo!

Levou dez anos pra entender
a monarquia,
essa epopéia que escrevi,
de lança em punho,
e a história presta, com respeito,
o testemunho
que era ser pátria, apenasmente,
o que eu queria!

Hoje - quer seja - funcionário,
ou operário,
ou da cidade - ou da lavoura
ou do rodeio,
ante os que aviltam o trabalho
e o salário,
se me obrigarem a escolher,
volto e peleio!


Beijos, Ju!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Romances de Flor e Luna, De Gujo Teixeira e Jairo Lambari Fernandes

Eu sou apaixonada por estes romances, pelas letras do Gujo, pela interpretação do Lambari, por tudo!
Então quero fazer um post especial aos cinco romances que tenho contato, pois pelo que sei ja tem mais dois escritos!
Então abaixo tem as letras em ordem, recomendo que leiam, pois a história é linda, e até então um sonho perfeito de se viver!


Romance de Flor e Luna
Jairo Lambari Fernandes
Composição: Gujo Teixeira

Quando um dia Rosaflor chegou no rancho
Pequeno mundo num fundão de corredor
Enxergou um pingo baio encilhado
E um gaúcho com um gateado no fiador
Mariano Luna domador seguia os ventos
Trazendo mansos pra cambiar pelas estradas
E Rosaflor filha mais moça do seu Nico
Lavava roupa junto às pedras da aguada
Rosaflor num riso manso e buenas noite
Entrou no rancho com seus olhos de querer
Mariano Luna com suas pilchas já puídas
Disse a moça um outro buenas sem dizer, sem dizer

Mariano Luna que tinha lua nos olhos
Entregou esse clarão aos olhos dela
E apagou a luz extrema que continha
Da outra lua que apontava na janela
A lavadeira pouco sabia das luas
E ainda menos dos olhares que elas têm
E descobriu então nos olhos do andante
Que de amores nem as flores sabem bem
Que de amores nem as flores sabem bem

O domador que só sabias desses campos
Sabia pouco do azul que vem das flores
Mas descobriu depois de léguas de estradas
Que há muito tempo não cuidava seus amores
De flor e luna se enfeitou o rancho tosco
Pequeno mundo num fundão de corredor
Que sem saber ficou mais claro e mais silente
Depois que lua debruçou-se sobre a flor
Ficou a estrada sem ninguém pra ir embora
E risos largos diferentes do normal
Um baio manso pastando pelo potreiro
E bombachas limpas pendurada no varal, no varal



Romance De Quem Parte
Jairo Lambari Fernandes
Composição: Gujo Teixeira

De manhã cedo Rosaflor cevou o mate
Com erva buena, maçanilha e despedida
Pra ofertar com mãos de espera ao seu amado
Antes que a estrada lhe contasse da partida

Mariano Luna do galpão trazia um baio
Bueno de boca pra entregar noutra estância
Um baio claro feito a lua que esses tempos
Foi sua guia e companheira nas distâncias

Roncou o mate do estribo na cancela
E um silêncio tomou conta do lugar
Deixando apenas dois olhares se encontrarem
Que Rosaflor ficou sem jeito pra falar

Mariano Luna ia num baio frente aberta
Pilcha bonita, deu de rédea e disse adeus
E Rosaflor, a flor mais linda do rincão
Tomou o mate pra beijar os lábios seus

Mariano Luna só levou poncho e mais nada
Um gosto bom e uma certeza pela boca
É só um dia de estrada e quem partiu
Volta pro rancho que a saudade não é pouca

Em frente ao rancho Rosaflor olhava ao longe
Dois baios mansos e um amor seguirem a estrada
Depois deixou cuia e cambona recostadas
E foi lavar seus sonhos todos junta à aguada

Assim a estrada novamente foi distância
Mas esta vez por ter retorno e boas vindas
Mariano Luna que seguia sempre os ventos
Agora tinha os olhos claros da sua linda

Mariano Luna, o domador, levava um baio
Também de tiro uma saudade de quem parte
E Rosaflor juntou mais jujos pelo campo
Para lhe esperar no fim da tarde com outro mate!




 
Romance para quem chega
Jairo Lambari Fernandes
Composição: Gujo Teixeira

Um dia desses Rosaflor olhava um sonho
Na sanga clara junto à sombra do arvoredo
Guardava um beijo pra entregar, quando voltasse
E uma palavra, que ainda pouco era um segredo.

Mariano Luna no galpão cevava um mate
Cuidando um baio que escarceava num bocal
Foi quando a tarde então pintou-se de outono
Era sua linda que apontava no portal.

Rosaflor chegou de manso, como chegam
Notícias boas, brisa, sol e um novo dia
E então contou das tantas luas que viriam
Até que o rancho ia encher-se de alegria.

Mariano Luna nem cabia em si o sorriso
Tomou um mate e mais outro sem notar
Passou a mão sobre o ventre de sua prenda
e viu que o tempo tinha esperas pra entregar.

Toda alegria resumiu-se num abraço
E num silêncio igual à calma do rincão
Que se ouviu um canto claro de um barreiro
Montando o rancho na janela do galpão.

Foi um cantar de anunciação ele sabia
Outro casal que erguia um rancho na querência
Era o destino que entregava a luz da lua
Pra junto à flor deixar raiz e descendência.

E Rosaflor falou da casa e das bonecas
Das coisas boas que essa vida ia lhes dar
Mariano Luna já pensou num rancho novo
E de amansar um peticinho pra o piá.

Agora era só o tempo dessas luas
Que sabem bem o ciclo certo das esperas
Trazer a vida num sorriso de um piá
Ou de outra flor que chegará com a primavera.

Mariano Luna nem cabia em si o sorriso
Tomou um mate e mais outro sem notar
Passou a mão sobre o ventre de sua prenda
e viu que o tempo tinha esperas pra entregar.

Toda alegria resumiu-se num abraço
E num silêncio igual à calma do rincão
Que se ouviu um canto claro de um barreiro
Montando o rancho na janela do galpão.

Um dia desses Rosaflor olhava um sonho.



Romance de Outro Mariano
Jairo Lambari Fernandes
Composição: Gujo Teixeira / Jairo Lambari Fernandes

Depois das luas Rosa Flor mimava um piá
De olhos calmos, bem querer e olhar risonho
se o tempo moço tinha espera pra lhes dar
Então a vida lhe entregou bem mais que um sonho

Outro Mariano pra encilhar junto com o pai
seu peticinho baio ruano e bom de patas
Era um campeiro mal calcando o pé no estribo
de boina negra, de bombacha e alpargata


Mariano Luna lhe ensinava o jeito certo
de encilhar, firmar nas rédeas e sujeitar
Ia contando ao piazito sobre a vida
E o que ela tinha de bom pra ofertar

Pela ansiedade Rosa Flor era um sorriso
Que se perdia entre as flores da janela
Depois de um mate a mesma cena repetiu-se
E os dois Marianos acenaram na cancela

Mariano Luna ai ao passo no seu baio
E o peticinho rédea atada que obedece
Outro Mariano que aprendia ser do campo
Pequeno mundo bem maior do que parece

E Rosa Flor então sabia nos seus mates
Que era o tempo cruzar poucas primaveras
Que o guri ia também encilhar baios
Porque a vida é um ciclo eterno de espera

Mais uma vez a estrada foi e despedia
Pois pra quem fica uma manhã é a vida inteira
E os dois Mariano já voltavam do potreiro
Pra Rosa Flor e sua saudade costumeira

Então o rancho agora em três é bem maior
Bombachas grande e pequenas no varal
Só o silêncio nunca mais foi o mesmo
Pra um romance que jamais terá final



 
Romance de Quem Aprende
Jairo Lambari Fernandes
Composição Gujo Teixeira

Junto à cancela Rosa Flor firmava a cuia
E entre um mate olhava ao longe dois campeiros
Que nos seus baios vinham juntos pela estrada
Os seus Marianos pai e filho e companheiros.

Mariano Luna num bagual recém pegado
Bocal e rendas, um galope ia estendendo
Outro mariano, no seu baio cabos-negros
De rédea firme, espora curta e aprendendo.

No corredor seguia o tempo lado a lado
Um domador pra mansidão de mais um potro
E um moço novo que entre prosas e conselhos
Batendo estribos, ia um cuidando o outro.

Rosa Flor entre um sorriso e uma angústia
Olhava os dois como a firmarem um compromisso
Lembrou de um tempo que passou já fazem luas
Quando esse moço era um piá no seu petiço.

Mariano Luna foi chegando pro galpão
Soltando o corpo pronto pra desencilhar
Mas o seu baio, por maleva ou assustado
Já quase manso quis pegar a corcovear.

Mas é aí que a vida encilha e cobra um dia
E o outro Mariano, chegou logo no bagual
E amadrinhando com olhar de quem já sabe
Firmou o baio, pela argola do bucal.

Mariano Luna se ajeitando nos arreios
Por que quem doma até por nada vai ao chão
Viu com seus olhos de confiança e satisfeito
Que suas palavras de saber não foram em vão.

Quem sabe o tempo, domador igual a tantos
Um dia entregue outros potros pra amansar
Vai um Mariano amadrinhando e outro domando
E Rosa Flor na mesma angustia de esperar.

Vai um Mariano amadrinhando e outro domando
E Rosa Flor na mesma angustia de esperar

Junto à cancela Rosa Flor firmava a cuia




Beijos, Beijos!
Ju