terça-feira, 14 de setembro de 2010

SANGUE FARRAPO - Jayme Caetano Braun


Já que estamos na Semana Farroupilha, nada mais apropriado do que uma poesia do Jayme que fala da peleia do nosso povo!

SANGUE FARRAPO
Jayme Caetano Braun

Fui sempre assim - no campo aberto,
muitos anos,
guardando as linhas
da fronteira - que empurrava,
os índios - tigres - as peleias,
castelhanos,
primeiro sempre,
quando a pátria me chamava!

Mas o descaso do império
cresceu tanto
que alcei um grito,
de querência e geografia,
compondo um hino de legenda
com meu canto,
que fez tremer - de cima a baixo,
a tirania!

Choraram mães, pelearam pais,
irmãos e filhos,
porque - aos tiranos,
pouco importa a dor alheia
e andei dez anos,
no calvário da peleia,
na guerra santa,
dos monarcas dos lombilhos!

Até o negrinho das formigas
compreendia,
no pastoreio,
meus anseios de índio guapo,
em cada nota do meu canto
que dizia
que eu era pátria - era Rio Grande,
era farrapo!

Levou dez anos pra entender
a monarquia,
essa epopéia que escrevi,
de lança em punho,
e a história presta, com respeito,
o testemunho
que era ser pátria, apenasmente,
o que eu queria!

Hoje - quer seja - funcionário,
ou operário,
ou da cidade - ou da lavoura
ou do rodeio,
ante os que aviltam o trabalho
e o salário,
se me obrigarem a escolher,
volto e peleio!


Beijos, Ju!

Um comentário:

  1. Buenas Ju! Ficou especial o post!
    As poesias de Jayme Caetano Braun, na minha opinião, são as mais memoráveis quando o assunto é a nossa Tradição e a história de nossa terra. Sou muito fã deste taura! Já fizeste algum post sobre ele por aqui? Ficaria bueno demais! :D
    bjo e parabéns pelo blog!

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